Crise, sangue, nervos e ossos
Na ausência de princípios morais qualquer diálogo humano é
impossível. As divergências inevitáveis levarão fatalmente à solução da
violência sanguinária. Entre as nações, como entre os grupos de uma mesma
nação, é a perspectiva de uma guerra de extermínio, a desfechar num regime de
opressão em que se estrangulam todas as liberdades santas sem as quais a vida
não vale a pena ser vivida.
— Leonel
Franca,
no ano
anterior ao início da 2.ª Guerra (A Crise do Mundo Moderno).
O texto de Leonel Franca, escrito no ano anterior ao início
da 2.ª Guerra, destaca a importância dos princípios morais no diálogo humano e
a consequência da sua ausência: a violência e opressão. Essa mensagem é ainda
mais relevante no contexto da pós-modernidade, caracterizada pela contestação
da verdade num sentido forte e objetivo.
A pós-modernidade trouxe consigo a positividade da
negatividade e promoveu, no entanto, o dialogo compressivo do humano, do Outro
e do mundo (ao menos em projeto). No entanto, à custa de um empobrecimento da
subjetividade como expressão de superioridade que pode levar à desconsideração
dos valores morais e à fragmentação da sociedade.
Diante desse cenário, torna-se ainda mais crucial o respeito
a princípios éticos e morais, pois, eles servem como guias para o diálogo
humano sobre princípios de convivência social e previnem a escalada da
violência, que apesar de estar ligado a dinâmica econômica se dá igualmente no
contexto do afrouxamento dos princípios normativos. O diálogo orientado pela
pretensão de verdade, de certo modo assim no horizonte ético-moral, é a base da
convivência pacífica entre as pessoas e nações, e é impossível sem uma base
moral comum.
Autores como Jacques Derrida e Michel Foucault questionaram
a existência de verdades objetivas e apontaram para a construção social da
realidade. Entretanto, a negação dos princípios morais em leva a uma
desconsideração da dignidade humana e a uma justificativa para a opressão e a
violência.
Portanto, o texto de Leonel Franca é uma mensagem importante
na atualidade, especialmente no contexto da pós-modernidade, que destaca a
necessidade de princípios éticos e morais para o diálogo humano e a convivência
pacífica. É preciso lembrar que a ausência desses princípios pode levar a uma
sociedade fragmentada e violenta. Sem referências normativas e capacidade de
criar valores por si, não as custas de bolhas ou ideologias, a maioria se torna
refém de modismos parasitários, que funcionam à revelia de qualquer posição
construtiva.
Visto que problematizei a moral, ou seja, sua crise, como você acredita que a supressão da moralidade, claro, que tem de ser flexível, condiciona melhorias no mundo? Blaise Pascal disse, de certo modo sobre isso, que só o canalha quer a supressão da moralidade cristã. Não se identifica com a moralidade e, por isso, apenas por conveniencia, o quer suprimir.
Apesar disso soar demasiado patético, já parou para pensar nisso ou simplesmente aceitou como verdade o que está posto como fato?
Thiago Carvalho
Texto de 2023