Nota para uma posterior publicação sobre a Crítica da Razão Pura de Kant
Apontamento esquemático para um resumo - Kant
Costumo compartilhar textos de filosofia de duas maneiras: como comentário ou reflexão após a leitura de um autor ou revisão de um problema, e, como neste caso, como um resumo. À época que redigi estava lendo Kant diretamente e consegui visualizar claramente o esquema geral da "Crítica da Razão Pura". Pensei que não apenas poderia resumir para mim mesmo, mas também compartilhar o esquema para que aqueles que já leram possam revisá-lo.
A maioria dos manuais de filosofia começa a tratar de Kant falando da "revolução copernicana" ou afirmando que ele resolveu ou transcendeu a oposição entre racionalismo e empirismo. Suponho que você já saiba disso, e menciono apenas para indicar que vou direto à obra.
Como é conhecido, Kant na "Crítica da Razão Pura" se concentrou no problema do conhecimento: o que podemos conhecer foi sua pergunta central. Sua obra se divide então em Estética, Analítica e Dialética. Primeiro, irei reunir todas as questões em um quadro geral e depois explicá-lo.
1. Estética: neste contexto, "estética" não se refere à beleza ou arte, mas sim ao estudo da sensibilidade e da intuição. Na "Estética Transcendental", Kant explora como nossa mente organiza e estrutura as experiências sensoriais, especialmente no que diz respeito ao espaço e ao tempo. Ele argumenta que espaço e tempo não são propriedades do mundo externo, mas sim estruturas a priori da mente que moldam nossa percepção do mundo.
2. Analítica: a parte analítica da "Crítica da Razão Pura" é onde Kant investiga a natureza do entendimento humano e a forma como ele concebe e organiza os conceitos. Aqui, ele introduz sua famosa distinção entre fenômeno (o mundo como aparece para nós) e noumenon (o mundo como ele é em si mesmo, além de nossa capacidade de percebê-lo). Kant explora também as categorias do entendimento, as formas básicas pelas quais organizamos nossas experiências e conceitos.
3. Dialética: a Dialética kantiana trata das ilusões da razão pura, ou seja, das tentativas falhas de nossa mente de estender o conhecimento além dos limites da experiência possível. Kant examina os problemas que surgem quando tentamos usar a razão para responder a questões metafísicas, como a existência de Deus, a imortalidade da alma e a liberdade da vontade. Ele argumenta que tais questões estão além da capacidade da razão humana e que devemos reconhecer os limites do conhecimento.
Logo, a "Crítica da Razão Pura" é uma investigação profunda sobre os fundamentos do conhecimento humano, destacando os limites e as capacidades da razão. Através de sua análise das faculdades da mente, Kant busca estabelecer os princípios pelos quais podemos entender e interpretar o mundo ao nosso redor.
QUADRO GERAL:
1. Dialética: estuda o raciocínio;
2. Analítica: estuda o juízo;
3. Estética: estuda a apreensão e é matéria-prima do conhecimento;
QUADRO ESPECÍFICO:
1. Dialética: corresponde ao estudo raciocínio;
2. Analítica: corresponde ao estudo do juízo:
- A informação sensorial é, por meio da imaginação, organizada pela faculdade do juízo;
- O juízo é a capacidade de produzir enunciados afirmativos ou negativos referente a um sujeito;
- No entanto, para que haja consciência, não basta a síntese entre o juízo e a sensação, há de ser o juízo operativo junto as categorias;
- Portanto, nesta faculdade se estuda o juízo e a categoria;
- A categoria diz respeito ao modo como o juízo pode se dá --- ou ocorrer --- e tem por fim a produção de juízos universais.
3. Estética: corresponde ao estudo da apreensão:
- A estética diz respeito ao modo como temos acesso ao mundo exterior;
- Ela procura, portanto, delimitar no que consiste os modos de apreensão;
- A apreensão se dá pela representação da intuição do espaço e do tempo;
- Por intuição deve-se entender algo como as condições gerais de apropriação da informação do mundo externo aos quais não parte de nenhuma outra faculdade (capacidade);
- A estética corresponde ao que atualmente se compreende como sensação;
- A sensação é apenas a recepção sensorial --- não incorpora, assim, a percepção;
- No entanto, sentir não é já ter acesso a sensação como experiência;
- Para que haja experiência é necessária a intervenção da Imaginação;
- A imaginação é intermediária entre a Estética e a Analítica;
- Na Analítica é que se dá a experiência consciente;
- Diferente da Estética, que ocorre por intuição, a Analítica há a organização da informação sensorial por meio de princípios a priori (ou de uma faculdade inerente ao sujeito, mas que não tem contacto com o mundo da sensação).
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