Da Divindade à Neurociência: Evolução do Entendimento da Inteligência

 





A inteligência humana é um fenômeno incontestável que desde sempre tem sido alvo de questionamentos e reflexões filosóficas. Por exemplo, apesar de notório que a inteligência humana se descola da realidade, e isto por si mesmo é um forte indício de algo além, uma manifestação divina ou, ainda, desconhecida; ainda assim o lugar-comum é reduzir a mente ao cérebro. No passado, a inteligência humana era atribuída a um ser superior, uma força transcendental, mas com o passar do tempo, a ciência avançou e hoje ela é explicada a partir do cérebro.

Entretanto, em nossa opinião, é importante destacar que o cérebro apenas é a causa material da inteligência humana, e por si só ele não explica a razão pela qual a inteligência aponta para a existência de algo além da matéria imediata. De fato, o cérebro é apenas o resultado de um processo evolutivo, e o argumento de que ele foi fruto do acaso não é suficiente para explicar a complexidade da inteligência humana nem certas ideias (não sem o caráter mitológico de fundo presente na ciência).

Além disso, a hipótese do acaso é altamente questionável, pois é difícil conceber como algo aleatório poderia gerar algo tão organizado e funcional quanto o cérebro humano. Mesmo o mundo inorgânico não pode ser explicado como algo aleatório, já que há relações reguladas, isto é, forma, ordem, sequencia, processo e funcionalidade, entre outros fenômenos, condicionam o fenômeno vida e que dão inteligibilidade ao mundo.

No caso da seleção evolucionista, surge a questão de por que, realmente, a inteligência humana evoluiu de forma tão diferenciada em relação aos demais seres vivos, como leões, lobos ou peixes. Digo realmente, porque a explicação não é completa nem suficiente, pois não diz por que as coisas tem de ser assim e não de qualquer outro jeito; ou seja, que as coisas sejam assim e assim, sem problema; mas por que são assim, por exemplo, por que a lógica tem dados princípios tão exatos, por que desenvolvemos nossos sensos morais, por que chegamos à noção (algo muito forte!) de um Deus (dizer que se deve a pré-conceitos e pensamento mágico não é suficiente, pois explica alguns fenômenos, mas não todos os fenômenos ligados ao transcendente), por que a matemática é tal como é e não de qualquer outro modo, por exemplo, por que no plano a soma dos ângulos de um triângulos tem 180º graus (desconsidere o caráter convencional do grau)?

Minha sensação é a de que apelar a aleatoriedade, a fatos sem causa, assim como ao caráter arbitrário dos fenômenos biopsicossociais não é a resposto; mas são discursos acoplado a dada perspectiva, cujo caráter é duvidoso e, este sim, arbitrário. Talvez seja ignorância minha!

Em resumo, a explicação científica sobre a origem da inteligência humana apenas responde a parte material do processo. No entanto, ainda é necessário explicar o porquê e o como de certos conceitos e entidades não materiais, tais como Deus, o mundo, o Além, o número, a ideia, as aspirações do coração e da razão, que são objeto da inteligência humana, são pensados e pensáveis.

Thiago Carvalho, 2023

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